Marius70 olha extasiado a ruínas romanas que se estendem sobre o seu olhar. Está em Miróbriga. Muito próxima da vila de Santiago do Cacém, Miróbriga (topónimo de origem celta), foi inicialmente, na zona do Castelo Velho, povoada por uma população de origem céltica por volta do século IV a. C.. Fabricava louça modelada à mão e decorada por cordões.
Miróbriga foi fortificado e urbanizado, acentuando o seu desenvolvimento nos séculos II e I a.C..
A Romanização veio alargar o povoado indo da zona escavada até à Aldeia do Chãos. Foi elevada à categoria de
civitas (cidade), teria possuído
magistri e município a partir do século I d.C. conforme análises das inscrições encontradas.
De Miróbriga como topónimo foi encontrada esta inscrição numa lápide descoberta perto das ruínas (Santa Cruz):
«Consagrado aos deuses Manes, Gaio Pórcio Severo, mirobrigense céltico, faleceu aos sessenta anos de idade. Aqui jaz e que a terra lhe seja leve».
Três inscrições, duas dedicadas a Vénus e uma a Esculápio, foi considerado a interpretar como templos duas construções situadas no Castelo Velho.
Para servir a população local ou os peregrinos que afluíam ao santuário, Miróbriga dispunha de termas, compostas por dois edifícios construídos em períodos diferentes com utilização de mármores e decoração de frescos, possivelmente destinados ao uso feminino e masculino.
Entre os séculos I e II d. C., surgem os compartimentos habituais neste tipo de edificação, ou seja, uma zona de entrada, com salas de vestiário e jogos, e uma zona de banhos frios -
frigidarium, de banhos aquecidos -
caldarium e
tepidarium e o
laconium (sala destinada a provocar a transpiração). Duas latrinas sobre a corrente de água que se iria juntarem à do esgoto das termas demonstra bem a qualidade de vida que o Império Romano trazia aos povos e países conquistados.
As termas situam-se junto a uma ribeira, no sopé da colina do santuário.
Marius percorreu todo aquele percurso por uma estupenda calçada romana. Viu aquelas termas e imaginou o tempo em que homens mulheres e crianças ali se banhavam, riam, jogavam e desfrutavam de mente sã em corpo são que o obscurantismo da Idade Média tudo fez para apagar.
Na zona mais elevada de Miróbriga, foi erigido o forum, no centro do qual é visível um templo eventualmente dedicado ao culto imperial, assim como um outro consagrado a Vénus.
Circundando o forum desenvolve-se toda uma zona constituída por diversas construções de funcionalidade ainda mal conhecida, assemelhando-se, todavia, a duas das edificações mais comuns nos fora provinciais, ou seja, à cúria e à basílica.
A Sul, por sua vez, desenvolvia-se a área comercial, por excelência, caracterizada pela presença de diversas lojas, as tabernae.
Miróbriga contava com um circo que comportaria cerca de 25 000 espectadores. Este circo é o único conhecido em Portugal.
No Museu da Estação Arqueológica de Miróbriga podemos ver um espólio que nos fará pensar que afinal tudo aquilo que hoje utilizamos na vida doméstica diária, desde os botões, às agulhas, às cânforas etc., já os romanos se serviam disso. Como me disse o empregado do IPPAR, os romanos só não tinham era computadores.
Fontes consultadas: «Uma importante estação arqueológica-Miróbriga» À Descoberta de Portugal das Selecções do Reader’s Digest e «Estação Arqueológica de Miróbriga do IPPAR».