Publius Vergilius Maro nasceu em 70 a. C., em Andes, perto de Mântua, de família modesta (o pai era lavrador) mas que lhe proporcionou uma boa instrução. Estudou inicialmente em Cremona e depois em Nápoles e Milão, onde terá composto os pequenos poemas, como
Culex e Copa, que lhe são atribuídos. Apresentado ao governador da Gália Cisalpina,
Polião, compôs as
Bucólicas (41-39 a. C.). Através de
Mecenas conheceu
Horácio. Aconselhado por Mecenas, e para servir os projectos de Augusto, que desejava fazer renascer na Itália a agricultura e os velhos costumes, produziu as
Geórgicas. Tanto nas Bucólicas como nas Geórgicas, Vergílio lembra-se com doçura da sua terra natal, levando-o a cantar as belezas da vida campestre.
Na sua grande obra épica,
Eneida, obra que celebra a grandeza de Augusto atribuindo-lhe ascendência divina, cuja prestigiosa figura se fazia derivar a estirpe latina, ordenava:
«Não se esqueçam, Romanos, de governar as nações». Governar o mundo não era apenas um privilégio de Roma, era sobretudo um dever. O seu exilado herói troiano, o
pius (piedoso ou respeitador) Eneias, pode mesmo ter sido um idealizado ícone do próprio Augusto, como ele desejava ser visto: discretamente corajoso, amável e sensível, mas simples e modesto nos seus gestos; o chefe consciencioso cuja vida era humildemente dedicada ao seu povo. Para acabar este poema quis conhecer a Grécia. Morreu em Brindes (19 a. C.) no retorno dessa viagem. Tinha 51 anos.
A
Eneida, inacabada, foi publicada pelos seus amigos que, felizmente, não a destruíram como era sua vontade.
Vergílio, cisalpino e quase celta é, incontestavelmente, o poeta mais perfeito da literatura romana. A sua doçura e a sua melancolia sonhadora são quase excepção na história do espírito latino.